ADÃO DE ALMEIDA –  O FUTURO PRESIDENTE DE ANGOLA?

Caso Adão de Almeida venha ser o próximo presidente de Angola enfrentará grandes desafios, primeiro por ser civil e os generais angolanos não aceitam receber instruções, orientações e ordens de civis.

Por Malundo Kudiqueba

De facto, é importante realçar que os nossos generais detêm não apenas o poder militar, mas também interesses económicos significativos. Controlam sectores estratégicos e até empresas estatais e qualquer tentativa de um presidente civil reestruturar a economia transforma-se num processo delicado, susceptível a resistência, pressões e até ameaças contra o próprio presidente da República.

Adão de Almeida é um jovem político que caso venha ser o próximo presidente de Angola terá de ser estratégico mantendo o presidente João Lourenço como líder do partido por este ser militar e pela sua influência que ainda tem dentro do partido. O presidente João Lourenço não é muito popular no país mas dentro do MPLA ainda consegue congregar muitos apoios no partido dos camaradas.

A dinâmica política em Angola é fortemente influenciada pela presença dominante dos generais, que se destacam em dar ordens e exigir respeito da população mas os mesmos generais consideram um insulto quando o povo, ou um membro da sociedade civil, exige igualmente respeito. Este tipo de mentalidade tem contribuído para marginalização de vozes importantes na sociedade angolana e constitui um obstáculo para o desenvolvimento do país.

Adão de Almeida poderá sentir-se pressionado a manter uma postura alinhada aos interesses militares, o que pode limitar a diversificação a implementação de reformas no país. A influência e a interferência dos militares na política representa um desafio e condicionará a independência e autonomia de qualquer jovem recém chegado ao poder.

É importante promover uma renovação política no MPLA onde os jovens possam ter oportunidades e um papel preponderante que visem impulsionar reformas necessárias para o desenvolvimento do país. Incluir os jovens nas decisões políticas não apenas fortalece a democracia, mas também promove responsabilidade cívica.

Os jovens serão os principais beneficiários e protagonistas do futuro. Portanto, é imperativo que tenham voz na criação das políticas que moldarão as suas próprias vidas. A participação activa dos mais jovens é crucial para garantir que as decisões tomadas hoje estejam alinhadas com as aspirações e necessidades da próxima geração. Os mais velhos não podem continuar a decidir o futuro dos mais novos.

A acumulação de poder e interesses económicos pelos generais tem vindo a criar uma dinâmica na qual eles se vêem como detentores exclusivos da autoridade. Essa concentração de poder tem levado à resistência contra a ideia de aceitar orientações provenientes de civis, mesmo que eleitos democraticamente.

Um presidente jovem e civil em Angola enfrentará inúmeros desafios, principalmente no que diz respeito à resistência dos generais à autoridade civil. Para superar essas dificuldades, é fundamental buscar o diálogo e construir pontes de entendimento entre a liderança civil e militar. A busca por um equilíbrio entre a autoridade civil e militar é essencial para o desenvolvimento democrático e o sucesso do país.

A longevidade no poder levou à estagnação ideológica de muitos políticos que já deveriam estar na reforma. Políticos com décadas no cargo apresentam falta de vitalidade necessária para abraçar ideias inovadoras e adaptar-se às demandas em constante evolução da sociedade. Isso cria um fosso entre a visão dos políticos mais jovens e a mentalidade conservadora dos mais velhos. Ao longo dos anos, os veteranos da política angolana construíram redes de interesses e alianças que sustentam única e exclusivamente seu poder e os seus interesses.

O equilíbrio entre a experiência e a renovação é crucial para o fortalecimento da democracia e a construção de um futuro mais promissor. A resistência dos generais em Angola em aceitar ordens de civis cria um dilema importante na construção e criação de uma sociedade inclusiva e democrática. Superar esse desafio requer um esforço conjunto, envolvendo tanto os líderes militares quanto a sociedade civil.

A promoção do diálogo, a construção de pontes de entendimento e a busca por um equilíbrio entre os generais militares e a sociedade civil não devem ser descurados. Para superar essas dificuldades, é essencial que o presidente jovem busque construir coligações políticas, promover o diálogo com os militares e trabalhar para a democratização e harmonização da sociedade.

Políticos que acumulam anos no poder muitas vezes desenvolvem uma tendência ou resistência natural à mudança. Acomodados nas suas práticas consolidadas, podem ver as propostas de reforma como ameaças à sua estabilidade política, resistindo a inovações e novas abordagens que os jovens líderes desejam introduzir.

Em conclusão, a resistência dos generais pode representar uma barreira significativa para a construção de instituições democráticas sólidas e para a garantia de que as decisões governamentais reflictam os interesses da sociedade como um todo. Generais, acostumados a comandar e a serem obedecidos, podem interpretar uma recusa como uma quebra dessa hierarquia e um desrespeito à sua posição. Os generais em Angola muitas vezes operam num ambiente de impunidade, onde suas acções raramente são questionadas ou responsabilizadas. A relação entre os generais angolanos e a população é marcada por uma notável contradição: enquanto os líderes militares exigem respeito do povo, as suas acções muitas vezes reflectem uma atitude de desrespeito para com a mesma população.

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